quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Governo Boliviano diz que 1º dia de diálogo com oposição é "positivo"



da Folha Online

O diálogo na Bolívia entre o presidente, Evo Morales, e os prefeitos (governadores) de oposição avançou de forma "positiva", nesta quinta-feira, primeiro dia de reunião. Porém, os temas mais polêmicos ainda não foram discutidos, disse o porta-voz do governo Iván Canelas, após o fim do encontro em Cochabamba.

Morales propôs nesta quinta-feira a quatro governadores de oposição a suspensão de todas as medidas de pressão, como os bloqueios nas estradas realizados por simpatizantes do governo, de acordo com Canelas.
Arte/Folha Online
Novíssimo mapa Bolívia

O porta-voz afirmou que o presidente lançou uma "nova proposta" às autoridades de Santa Cruz, Beni, Pando e Chuquisaca para selar um acordo que permita colocar a Bolívia em um processo de paz e estabilidade, após três semanas de violência que deixaram ao menos 19 mortos e dezenas de feridos.

"A proposta é liberar todos os bloqueios (de estradas)", disse Canelas, acrescentando que a oferta inclui os bloqueios realizados por simpatizantes do presidente em três rotas vitais de acesso a Santa Cruz de la Sierra, capital de Santa Cruz. O porta-voz afirmou que a medida permitirá a Santa Cruz realizar uma importante feira internacional de empresários.

Segundo Canelas, a proposta ainda não foi aceita pelos governadores.

Nesta quinta, os líderes discutiram sobre as bases do pré-acordo assinado na terça-feira (16), que implica na criação de três comissões para discutir os temas mais polêmicos da política boliviana.

Martin Mejia/AP

O presidente boliviano, Evo Morales (dir.), e o vice, Álvaro Garcia, no encontro de negociação de um acordo de paz com a oposição
O presidente boliviano, Evo Morales (dir.), e o vice, Álvaro Garcia, no encontro de negociação de um acordo de paz com a oposição

O pré-acordo prevê, entre outros pontos, a devolução para os departamentos de oposição do imposto sobre o gás que, desde janeiro passado, o governo federal destina ao pagamento de um benefício para idosos; as autonomias administrativas de Santa Cruz, Pando, Beni e Tarija; a desocupação de prédios públicos ocupados por manifestantes nesses departamentos; e a investigação da autoria de uma chacina em Pando.

Para a governadora de Chuquisaca, Savina Cuéllar, os diálogos também precisam abordar se a cidade de Sucre deve ser capital plena da Bolívia. Sucre, capital histórica do país, reivindica a sede dos três poderes. Atualmente, abriga apenas o Judiciário, enquanto o Executivo e o Legislativo estão em La Paz.

Instalações tomadas

Os governadores e líderes cívicos que integram a oposição anunciaram nesta quinta que os manifestantes ligados a eles já começaram a desocupar os prédios públicos tomados nas últimas semanas.

Imagens de TVs locais mostraram a retirada de manifestantes de prédios da Empresa Nacional de Telecomunicações (Entel), da Imigração, do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Inra), dos Impostos Nacionais e de terminais de ônibus e trens.

Em Tarija, a maior expectativa é pela entrega de dois campos de produção de petróleo --um deles abastece de gás natural o mercado argentino-- e pela liberação das rodovias, fechadas por bloqueios há mais de 25 dias.

"Os edifícios serão entregues hoje como marco de um pré-acordo com o governo para aliviar a crise política", afirmou o governador de Santa Cruz, Rubén Costas.

O presidente se reuniu nesta quinta em Cochabamaba com quatro governadores rebeldes para alcançar um acordo de longo prazo, com a ajuda de facilitadores da Igreja Católica e delegados diplomáticos da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), União Européia, da OEA (Organização de Estados Americanos) e das Nações Unidas.

Uma declaração emitida pela Unasul na segunda-feira também deu um forte apoio político ao presidente, em meio aos temores de que o confronto pudesse desencadear em um golpe de Estado ou em uma guerra civil no país, dada a polarização entre simpatizantes e contrários ao governo.

Com agências internacionais

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