FABIANO MAISONNAVE
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Brasiléia (Acre)
Cinco dias depois de a Bolívia decretar estado de sítio no departamento de Pando, o Exército brasileiro ocupou as duas pontes que ligam Brasiléia e Epitaciolândia, onde se refugiaram dezenas de opositores ao presidente boliviano, Evo Morales, à vizinha Cobija. Ontem, o ministro de Governo, Alfredo Rada, disse que La Paz pediu ao Brasil a expulsão de bolivianos envolvidos nos confrontos da semana passada.
Doze militares fortemente armados chegaram à fronteira na noite de quinta. Na ponte de Brasiléia, onde só se permite a passagem de pedestres, soldados anotam nome, cédula e o destino dos que entram no país.
Em Epitaciolândia, onde há tráfego de veículos, o trabalho de fiscalização é feito pela Polícia Militar. Nesse ponto, o único posto da Receita Federal da região está fechado desde quarta sob a alegação de que não há segurança para funcionar. Assim, todo o processo de importação e exportação está vetado.
Apesar do reforço, os militares não barram a entrada sem documentos, prática comum na região -as três cidades formam a mesma área urbana. Ontem à tarde, por exemplo, dois militares fardados bolivianos cruzaram a ponte para pagar o açougue em Brasiléia.
A militarização do lado brasileiro ocorre no momento em que a situação se acalma na Bolívia. Ontem, a maioria das lojas já estava aberta, e os militares patrulhavam quase todas as ruas. Os postos fronteiriços de Cobija, desertos na semana passada, agora estão sob a guarda permanente do Exército. Mas os serviços migratórios e de aduana seguem suspensos.
Durante toda a tarde, a Folha buscou informações no 4º Batalhão de Infantaria de Selva, responsável pela fronteira, mas não obteve resposta.
À rádio boliviana Erbol Rada disse que pediu ao governo brasileiro a "expulsão de gente considerada delinqüente e que participou de forma direta no massacre de 11 de setembro", no qual ao menos 15 pessoas morreram e 106 estão desaparecidas, segundo dados oficiais.
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