sábado, 13 de setembro de 2008

Manchete: Bolívia rejeita mediação brasileira para conflito

Valor Econômico

Uma missão brasileira integrada pelo embaixador Samuel Pinheiro Guimarães e pelo assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, desistiu de viajar ontem à Bolívia depois que o governo do presidente Evo Morales rejeitou a participação do Brasil como mediador na crise política que tem provocado tumultos e destruição no país. Morales sinalizou que não queria se ver forçado pela comitiva a um diálogo com a oposição.

Ontem, pelo segundo dia consecutivo,um trecho de um gasoduto Bolívia-Brasil foi danificado em ataque atribuído pelo governo à oposição. Uma válvula de segurança do duto na região do Chaco foi "manipulada" e o fornecimento de gás ao Brasil foi reduzido à metade. À tarde, a Transierra, consórcio do qual participa a Petrobras, informou que o fluxo já estava normalizado e que apenas os estragos causados na quarta-feira em outro incidente no duto ainda comprometiam o envio de 10% do gás ao Brasil.

O ministro brasileiro das Minas e Energia, Edison Lobão, previu que o fornecimento de gás da Bolívia deve se normalizar em dois ou três dias e informou que o corte no abastecimento foi compensado com a paralisação de uma única termelétrica da Petrobras.

A indústria, no entanto, está preocupada com possíveis cortes. Representantes de grandes empresas, como Aços Villares, Alcoa, Braskem, Fosfertil e Gerdau, pedirão ao governo para participar da elaboração de um plano de contingenciamento de longo prazo para eventuais interrupções no fornecimento. O presidente da Associação dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace), Ricardo Lima, disse que a preocupação com a Bolívia deixou de ser um fato extraordinário e passou a ser constante.

Pela primeira vez desde que as manifestações contra Morales recrudesceram, choques entre grupos pró e contra o governo provocaram mortes, de quatro pessoas e ferimentos em outras 20 no Departamento de Pando. "Já é quase uma guerra civil de baixa intensidade", disse uma fonte do governo brasileiro ao Valor.

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, prometeu apoiar Morales militarmente no caso de um golpe de Estado. "Se matarem Evo, acreditem os golpistas, estarão me dando luz verde para apoiar qualquer movimento armado na Bolívia". (págs. 1 e A10).

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