domingo, 4 de abril de 2010

Pela 6ª vez em 5 anos, Evo Morales põe a prova seu apoio na Bolívia


* Evo Morales, presidente boliviano


La Paz, 3 abr (EFE).- Pela sexta vez em cinco anos, o presidente da Bolívia, Evo Morales, põe a prova seu respaldo popular no pleito que deve eleger os governadores dos departamentos e os prefeitos dos municípios nos quais o líder quer consolidar sua hegemonia política.

Morales, que iniciou seu segundo mandato em janeiro, fez hoje na cidade de Cochabamba (centro) um chamado à população para que participe do pleito amanhã, não só para aprofundar a democracia, mas também para "tomar o destino do país".

Ele destacou a importância da participação nas diferentes votações dos últimos anos como uma forma de definir com o voto "os conflitos e diferenças programáticas no social, no estrutural e no cultural".

Será uma eleição complexa em que mais de cinco milhões de pessoas devem eleger 2.502 autoridades, entre elas nove governadores, 337 prefeitos e 267 deputados, dos que 23 serão representantes indígenas, entre outros cargos.

A eleição será um marco histórico para a Bolívia em sua aspiração de construir um Estado de autonomias, pois, além dos governadores nos nove departamentos, se votará por assembléias que terão pela primeira vez o poder de legislar nas regiões.

Diversas pesquisas colocam os candidatos a governadores do Movimento Ao Socialismo (MAS) como ganhadores em La Paz, Oruro, Potosí, Cochabamba; a oposição em Santa Cruz e Beni, há divergências sobre a preferência dos eleitores em Tarija, Pando e Chuquisaca.

Para conseguir o triunfo, Morales se envolveu pessoalmente na campanha em fevereiro e março para pedir o apoio para seus candidatos, ao ponto de ter de esclarecer várias vezes, em tom de piada, que ele não era candidato nesta eleição.

Amanhã será a sexta vez que o presidente e o MAS medem nas urnas o apoio que tem na Bolívia desde que ganharam a primeira eleição em dezembro de 2005 (53,7%).

Desde então, Morales destacou cada triunfo eleitoral como um respaldo a seu projeto de reformas políticas e econômicas.

Em julho de 2006, seu partido ganhou a eleição da constituinte (50,7%); em agosto de 2008, Morales venceu no referendo sobre mandatos (67,4%) e janeiro de 2009 se impôs nas urnas o projeto de uma nova Constituição (61,4%).

Em dezembro, obteve a reeleição com um apoio de 64,2%, que permite ao MAS controlar dois terços das câmaras de Senadores e Deputados da Assembleia Legislativa.

sábado, 3 de abril de 2010

Após reeleição de Morales, bolivianos vão às urnas definir mapa regional

da Folha Online

Cerca de 5,1 milhões de eleitores bolivianos vão às urnas neste domingo para eleger 2,5 mil representantes --governadores, prefeitos, deputados estaduais e vereadores.

A eleição que definirá o novo mapa político regional da Bolívia será realizada quase quatro meses após a reeleição, em dezembro, do presidente Evo Morales, com 64% dos votos.

Esta será a primeira vez que os bolivianos votarão para governadores e para parlamentares locais --uma mudança estabelecida na nova Constituição Política do Estado, aprovada no ano passado.

Há uma grande expectativa sobre a nova definição da distribuição do governo e da oposição nos nove Departamentos (Estados) do país, já que cinco deles simbolizaram forte oposição a Morales, concentrados, principalmente, na região chamada 'Meia Lua' --Santa Cruz, Tarija, Beni, Pando e Chuquisaca.

Na eleição presidencial, Morales venceu também em grande parte desta região, antes marcadamente opositora.

Pesquisas de opinião dos institutos Equipos Mori e Captura Consulting SRL indicaram que o Movimento ao Socialismo (MAS), legenda do presidente, deverá vencer neste domingo em quatro departamentos onde já governa --La Paz, Cochabamba, Oruro e Potosí.

Mas os institutos sugerem ainda que pode haver empate técnico em Tarija, Chuquisaca e Pando, e a possível vitória da oposição em Santa Cruz e Beni.

Nessa semana, setores do governo sinalizaram a possibilidade de que a oposição seja derrotada em Santa Cruz, fronteira com o Brasil e que costuma capitanear a oposição a Morales.

Maioiria

O analista político José Luis Galvez, da Equipos Mori, disse à BBC Brasil, contudo, que as pesquisas de intenção de voto sugerem que o opositor Ruben Costas não disputaria o segundo turno.

"Mas mesmo vencendo, até em Santa Cruz, a oposição não terá o poder que teve em 2006, 2007 e 2008. Evo Morales agora tem a maioria na Assembleia Plurianual (Congresso Nacional), o que não tinha antes", disse.

O analista destacou ainda que a tendência é de que o governo tenha a maioria das cadeiras na Câmaras dos Vereadores e na Assembleias Legislativas, ampliando o 'controle' do governo sobre a oposição regional, o que antes não existia.

Para o especialista, Evo Morales é hoje 'muito mais poderoso' do que quando assumiu a Presidência, em 2006, e a oposição estaria mais 'fragilizada' e 'com medo' de medidas do governo.

Galvez cita como exemplo a lei contra a corrupção, batizada de 'lei guilhotina', sancionada na semana passada e que poderia levar para a cadeia ex-presidentes acusados de corrupção.

"Esta lei é para aniquilar o resto da oposição", teriam dito os ex-presidente Jorge Quiroga, Eduardo Rodríguez e Carlos Mesa, segundo o jornal "La Prensa", de La Paz.

O vice-presidente do país, Alvaro García Linera, lamentou que a lei não tenha sido aprovada antes.

"Esta lei demorou quase quatro anos para ser aprovada, por resistência da oposição. Agora, esta lei guilhotina será aplicada contra aqueles que tocarem em um centavo do Estado", disse Linera.

Campanha

No encerramento da campanha eleitoral, na semana passada, na cidade de El Alto, no Departamento (Estado) de La Paz, o presidente disse que espera contar com os votos necessários para que o governo tenha maioria "de uma ponta a outra da Bolívia".

"Precisamos de prefeitos e governadores para trabalhar cinco anos. Imaginem cinco anos de brigas com um governador da direita. Em Santa Cruz, Ruben Costas dizia: 'Evo, seu macaco'. E como confiar e trabalhar por este Departamento? Não se pode. Sem confiança, é difícil".

As declarações de Evo Morales provocaram críticas da oposição. Oscar Ureda, porta-voz de Ruben Costas, disse que o líder boliviano "não está preocupado em governar para todo o país".