Efe, em La Paz
O presidente da Bolívia, Evo Morales, obteve 52% de apoio no referendo do último domingo com 23% dos votos apurados, segundo as primeiras parciais da Corte Nacional Eleitoral (CNE).
Morales e seu vice-presidente, Álvaro García Linera, receberam 394.376 votos, em comparação aos 363.341 votos contrários (47,9%) quando já foram computados 811.645 votos, informou a CNE.
A administração eleitoral boliviana informou que a conclusão da apuração oficial dos votos deve acontecer entre sete e dez dias.
As pesquisas de boca de urna divulgadas neste domingo deram a Morales um apoio de cerca de 63%.
Os números oficiais da CNE divulgados nesta segunda-feira também confirmam que os cargos do governador regional opositor de La Paz, José Luis Paredes, e do governista de Oruro, Alberto Aguilar, foram revocados.
Segundo os dados já apurados, 52,2% dos eleitores de La Paz --equivalente a 102.319 votos-- votaram contra a continuidade de Paredes.
No caso de Oruro, a rejeição ao governador regional Alberto Aguilar está em 61,6% do eleitorado, o equivalente a 28.517 votos.
Em Cochabamba, após a apuração de 12% dos votos, o governador regional Manfred Reyes Villa recebeu 55,3% dos votos a favor e 44,6% dos votos contra.
No entanto, estas informações parciais correspondem à cidade de Cochabamba e resta apurar a votação da área rural, onde a maior parte dos eleitores é favorável a Morales, o que poderia mudar a situação deste governador regional, que as pesquisas dão como revocado.
As pesquisas indicam hoje que os votos contrários a Reyes Villa ficaram entre 60,7% e 62,4%.
Segundo o relatório da entidade eleitoral, com cerca de 25% das mesas apuradas, o governador regional governista de Potosí, Mario Virreira, teve seu mandato ratificado com 60% de apoio.
Já seu colega opositor de Tarija --Mario Cossío-- conseguiu 65% dos votos, o de Santa Cruz --Rubén Costas-- 69,5%, o de Beni --Ernesto Suárez-- 67% e o de Pando --Leopoldo Fernández-- 66%.
Nestes casos, a apuração oficial de votos fica entre 25% e 30% do total das mesas eleitorais.
Os últimos quatro governadores regionais são os mais ferrenhos opositores regionais de Morales e lideram um plano autonomista que se opõe ao projeto de refundação constitucional liderado pelo líder esquerdista.
Agradecimento
Em declaração divulgada do Palácio do Governo, em La Paz (capital), Morales agradeceu e destacou seu apoio e respeito aos governadores que tiveram mandatos submetidos à consulta popular.
"Respeitaremos a legitimidade que os governadores regionais ratificados têm", disse Morales. Além disso, o presidente convocou os outros governadores para trabalhar "de maneira conjunta" a fim de garantir a unidade e a identidade da Bolívia.
Perante uma multidão reunida na Praça Murillo, Morales agradeceu o voto da população e declarou que agora pode "avançar com a recuperação de nossas fontes naturais, a consolidação da nacionalização, e a tomada estatal das empresas".
O referendo de revogação realizado hoje na Bolívia representa um ponto de inflexão na grave crise do país, caracterizada pela luta entre o projeto constitucionalista de Morales e o plano autonomista empreendido por vários governadores opositores à margem do governo e o Congresso Nacional.
Morales, que assumiu em janeiro de 2006, tinha convocado o referendo para aceitar um desafio lançado pela oposição, que tem bloqueado seu plano de instaurar uma Constituição socialista.
O presidente também os convidou a trabalhar junto com o governo para conseguir o objetivo de acabar com a extrema pobreza da Bolívia. O país é um dos mais pobres do continente.
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